segunda-feira, 16 de março de 2009

Pequeno pássaro, espera por mim!

Anda a tornar-se um vício escrever assim de madrugada. A verdade é que gosto. A noite é bastante perfeita para se escrever. Há coisas que não podem ver a luz do dia, há coisas que não se podem contar durante o dia. Outras, não se podem escrever de dia. Nada como a privacidade da noite para nos sentirmos intocáveis, para podermos aceder ao nosso próprio interior, para termos tempo para falar connosco. A cama ainda estava feita, e eu estava deitado ainda vestido por cima da cama, com a cabeça no lado onde geralmente estão os meus pés. Estava de frente para a janela aberta do quarto. Senti saudades de uma caneta e papel. Escrita à moda antiga. Também gosto de escrever à moda antiga, não só nesta treta modernista electrónica que se chama de "blog". Não me entendam mal, eu adoro o meu blog, adoro escrever aqui, adoro insultar o meu blog. Quem convive 5 minutos comigo consegue sentir o carinho que tenho pelo meu blog que apenas possui meia dúzia de leitores fixos (eu sei que 5 são fixos, mas espero que a sexta pessoa tenha ficado fã). No entanto, a escrita à moda antiga, com papel e caneta... Essa sim, é a verdadeira escrita. Foi quando me levantei da cama, peguei no casaco e saí de casa. Fui para a rua, sentar-me uns minutos num canto. A noite estava quente apesar de tudo. Uma suave brisa. Estava bastante agradável. A olhar para o céu consegui ver uma constelação: Ursa Maior. Neste momento posso afirmar que já consigo encontrar 2 constelações no céu: Ursa Maior e Orion. A Lua está no seu processo minguante. Hoje estava 73% iluminada (isto sei de fonte segura graças à Internet). Na companhia da Lua, das 2 constelações que agora sei encontrar, e das outras todas às quais peço desculpa por ainda não me terem sido apresentadas, escrevi como se não houvesse amanhã. Escrita à moda antiga, daquela escrita que é muito nossa. Aquela que tem a nossa caligrafia, aquela é riscada por nós quando escrevemos merda. A mesma escrita que tem as folhas riscadas de lado quando a caneta falha e estamos a tentar que a tinta volte a correr, a mesma escrita que por vezes deixa de estar a preto, e passa a ser a azul. A escrita feita em folhas, a mesma em que nas noites quentes de Verão cai o nosso suor, aquela que adormecemos a escrever. Essa é a boa escrita. Aquela que se lê e se sente que o texto é sério. Escrever foi algo que aos poucos se foi entranhando em mim. Já escrevo há pelo menos 9 anos, mas isto já seria divagar demais, até mesmo para mim, pessoa que tem gosto pelas palavras.

Volto para casa, o quarto parecia estar mais frio do que quando estava na hora em que fui à rua. Estava a tocar Queen no meu computador. Tinha-o deixado ligado a tocar músicas em Shuffle. "Bohemian Rhapsody"... Atiro o casaco para cima da cama, guardo o caderno e a caneta.

O dia está a amanhecer. Julgo que é desta que vou finalmente fotografar um nascer do dia a partir da janela do meu quarto. Eu vou colocá-las aqui, prometo. Os pássaros já voam, e eu... eu já estou a voar alto demais.


Até ao meu próximo post.

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