sábado, 6 de março de 2010

Nós morremos jovens

Noites como esta lembram-me o dia em que te conheci. Chovia terrivelmente. Uma chuva intensa, que tentava desesperadamente lavar os pecados do meu corpo. A agonia do insucesso da chuva era interessante de apreciar. Nisto chegas tu, deitas-te ao meu lado e acendes o cigarro que tinha na boca há horas.

"O primeiro bafo é sempre o melhor, não é?", dizes tu.
"Nada como o primeiro bafo...", respondo eu.

Expiro o fumo devagar... Levantamo-nos bruscamente, eu coloco a lâminha da minha espada no teu pescoço, tu encostas o cano da tua pistola ao meu olho esquerdo.

Foi naquele preciso momento que percebemos estar na presença de uma alma igual à nossa. Sorrimos. Voltamos a deitar-nos. Tu acendeste o teu cigarro, e ficamos naquele pedaço de relva a conversar enquanto a chuva tentava em vão lavar os nossos pecados.


Pessoas como eu e tu... Nós morremos jovens...

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