segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Dia comprido

Dia comprido...
Maldito dia comprido...

Está frio. Muito frio. Vou a subir a mesma rua de sempre, com o vapor de água que sai da minha boca sempre a ofuscar a minha visão. Paro em frente ao quiosque de sempre. Vejo as notícias do dia. Continuo o meu caminho. Entro na escola. Sempre me impressionou a quantidade de agitação ela teve. Nunca parece sossegar. Parece que o tempo sempre anda a fugir, e que anda tudo muito cheio de vida. Eu sempre tive uma relação estranha com o tempo. O tempo sempre me pareceu familiar. Não estranho o facto de o tempo parecer não andar para mim. Angustia-me o facto de o tempo parecer andar em câmara lenta para mim. Parece uma maldição. Tenho a impressão de conseguir ver as coisas em câmara lenta... O tempo tem um efeito anestesiante em mim. Parece ser da minha família. Parecemos ser feitos da mesma matéria. É angustiante sentir-me assim. Devido a este facto, sempre passei muito tempo isolado. As pessoas pareciam reagir mal ao meu estado de encarar as coisas. Aquele muro onde eu me sentava... Onde eu me deitava... O tempo parecia não passar lá. Estava em casa...

Lá, via o Sol mudar de posição. Via as sombras mudarem de posição. Via o azul do céu começar a escurecer. Sentia o frio da noite a chegar. Via as pessoas agasalharem-se para o frio. Por fim, ouvia a campainha tocar. Hora de ir embora. A Lua vai alta já... O dia passa, mas para mim... O tempo parece não andar.


Dia comprido...
Maldito dia comprido...

2 comentários:

Mauro disse...

Há algo de muito familiar neste texto...

Red disse...

O texto escrevi-o na hora, por isso o texto propriamente dito não reconheces. Reconheces isso sim é o assunto que estou a tratar. É algo que é bem familiar, não? ;)